CAPÍTULO TRÊS: RECEITA DO SUCESSO
Rir muito e com freqüência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso.
(R. W. Emerson)
Emerson nos indica-nos uma receita clara e objetiva de sucesso em 6 passos:
1. Rir muito e com freqüência: a alegria é a demonstração da satisfação em estar fazendo aquilo que se quis, quer e se deseja fazer. É a força da alma que encontra liberdade para se sentir realizado pelo que se optou ser.
2. Ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças: ser o alvo da espontaneidade advinda da inteligência adulta ou infantil, sim pois ambos são demonstrações de amabilidade de seres que possuem um pacto natural com a verdade, seja através da ingenuidade da criança, seja pelo compromisso intelectual de um adulto honesto e digno, ou ainda pela desnecessária vinculação aos preceitos sociais de um humano vivido, que tem por segurança suas rugas e por escudo seus cabelos brancos, sendo-lhe fácil e verdadeiro o comentário sobre o mundo.
3. Merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos: a crítica é a chave que abre a janela para nosso interior, mas não para aquele jardim que costumamos visualizar, porém nos mostra o que guardamos em nossos porões mentais, o que varremos para debaixo de nossos tapetes e nossas latas de lixo. Mas perceba, só podemos acessar estes locais inóspitos, lugares que não gostamos de visitar através da chave da crítica. Tenha uma apreciação positiva em relação à crítica e você perceberá que este hábito vai lhe franquear acesso a informações que poderão ser utilizadas a seu favor.
Seja também grato por outras experiências que a princípio não lhe agradam, tais como falsas amizades, ou amizades por interesse. Pessoas deste nível aproximaram-se de você porque algum ponto negativo presente em seu ser permitiu tal aproximação: ganância, preconceitos, medo, inveja, dentre outras formas de negativismos que estavam presentes em você e, se não fosse a personificação destes maus sentimentos nestes falsos amigos, talvez, você não os percebesse e não poderia domar estas bestas selvagens que lhe atrapalham a concentração e a arte de atrair para si as coisas que realmente você quer.
4. Apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros: difícil é a tarefa de deslocar a real beleza de dentro de nós mesmos e assim, apreciá-la no mundo exterior. Possuímos espelhos em nossos desejos, cujo reflexo nada mais é do que a projeção que fazemos sobre o mundo. Se nos sentimos bem, encontramos o bem fora de nós, se nos sentimos tristes, é a tristeza que nos acompanha em um cafezinho. Mais do que contemplativa, a beleza encontrada nos outros é também nossa, nas sábias palavras de Carlinhos Brown “só é seu, aquilo que você deu”.
5. Deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social: propagar o bem é a ferramenta mais rápida e eficaz de, sem querer, receber o bem. Sim, temos a consciência altruísta de fazer o melhor para o outro, o próximo, o necessitado. Contudo repare o leitor, que o propagar bem é a melhor forma de recebê-lo em troca. Um sorriso acaba por gerar outro, ou mesmo uma risada que escarneça, mas que morre num sorriso. Se o caso for optar entre fazer um mundo melhor, fazer o mal, ou não fazer coisa alguma, faça o bem, ainda que por egoísmo!
6. Saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu: sua vida tem um propósito. Uma razão que muitos adormecem sem tê-la sequer conhecido. Há quem pense que o propósito é só nosso, mas a grande verdade é que não existimos sem que saibam que estamos existindo. É quase como a teoria quântica da partícula e da onda. A onda só se comporta como partícula quando “sabe” estar sendo observada. Não somos diferentes da criação, carecemos de observadores, seja para nossos fracassos, seja para nossa tristeza e reclamações, ou para nosso ego inchado, para nossos orgulhos, ou mesmo para nossa mera existência, que por ser, tão somente ser, implica em grandes transformações na vida alheia.
(...)de Apolo procedem as flechas que fecundam a Terra-Alvo: o atalho entre o sonho e o sucesso – liberdade!!!
R. A. Smart
Nos portões da entrada, de dentro de nossos carros, louvamos nossa própria liberdade, como escravos nos humilhamos perante a tirania do status e o louvamos, apesar do desejo do possuir, do ter, do fazer, do estar e do ser nos maltratar quotidianamente. Sim, no interior do templo e nas sombras da masmorra das reflexões, já nos deparamos com aqueles que se julgam “os mais livres” entre nós ao usarem a sua liberdade como uma corrente e um par de grilhões.
Sangrou meu coração, pois nós podemos ser livres quando o desejo de buscar a liberdade torna-se uma canga, sim, torna-se obrigatório, contingente e quando cessamos de falar de liberdade como um objeto e uma meta a ser atingida. Verdadeiramente seremos livres, não quando nossos dias tiverem uma única preocupação ou quando nossas noites não tiverem uma única necessidade e uma tristeza, todavia, quando estas coisas sujeitares a nossa mente e mesmo assim nos elevarmos, tal qual companheiros, sobre elas, com ombro desnudo e sem vendas ou amarras.
E como nos elevaremos além de nossos dias e de nossas noites, além do Ocidente e do Oriente, do Norte e do Sul a não ser que quebremos correntes que nós, no amanhecer de nosso aprendizado, amarramos em torno de nosso meio-dia? Na verdade, o que chamamos de liberdade é a mais forte destas correntes, apesar dos seus elos brilharem ao sol apolônico, e, ofuscarem nossos olhos. Também de Apolo procedem as flechas que fecundam a Terra, Alvo: o atalho entre o sonho e o sucesso – liberdade!!!
Nas palavras de La Colbert: “Entre o forte e o fraco, a liberdade escraviza e a lei liberta”, questiono-me: será? O que além de fragmentos nossos, descartamos para que sejamos livres? Se for uma lei injusta que abolimos, esta lei foi escrita com nossa própria mão em nossa própria testa. Não podemos apagá-la queimando nosso Livro da Lei, nem mesmo lavando nossa fronte dos juízes, oradores e mestres; ainda que derramássemos todo o bronze do mar sobre elas.
E se for nosso orgulho despótico que destronaremos, asseguremo-nos antes, que o seu trono, erguido dentro de nós mesmos, esteja destruído, pois como pode um tirano governar os livres e os orgulhosos a não ser pela tirania de sua própria liberdade e pela vergonha de seu próprio orgulho? E se é de uma preocupação que queremos nos livrar, de afazeres do dia-a-dia, de compromissos do trabalho, da família, esta preocupação foi escolhida por NÓS e não imposta a nós!
E se é um medo que queremos abonar, medo de ausência, da perda, da escassez, este medo está em nosso coração e na mão dos que são temidos. Verdadeiramente, todas as coisas movimentam-se em nosso ser, em um abraço constante, em uma cadeia de união, o desejado e o odiado, o repugnante e o amado, o perseguido e aquilo de que queremos fugir.
Estas coisas se movem dentro de nós, como luzes e sombras, em pares que se unem, e, portanto, quando nossa LIBERDADE perder nossas algemas, ela se tornará a algema de uma LIBERDADE ainda maior.
Sois livres?
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